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Social em Movimentos

Social em Movimentos 2009

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Social em Movimentos 2009 | Salvador | Cartaz

Social em Movimentos 2009 | Salvador

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“Social em Movimentos – França em Foco” em Salvador | Programação e sinopses

Dia 02 de junho, terça-feira – Abertura

 

19h – La zone, au pays des chiffonniers (A zona, no país dos catadores), de Georges Lacombe – França, 1928, mudo, preto e branco 36 min

Um apaixonante ensaio sob forma de crítica social sobre o trabalho e o cotidiano dos catadores. A recuperação de lixo e o mercado de pulgas de Clignancourt são particularmente impressionantes.

L’amour existe (O amor existe), de Maurice Pialat – França, 1960, 19 min, legendas em português, preto e branco

Aubervilliers, Pantin, Courbevoie, Nanterre… Uma viagem pelos subúrbios parisienses no fim dos anos 50. A degradação da paisagem, o fracasso e a devastação provocados pela urbanização, a condição de vida dos trabalhadores e dos imigrantes a dois passos da avenida Champs-Elysées. Um belo filme poético, político e desconhecido do grande diretor francês Maurice Pialat.

Dia 03, quarta-feira – Sessão “Uma cidade, várias histórias”

19h – 5-7 rue Corbeau, de Thomas Pendzel, co-produção do Forum des Images – França, 2007,59 min, legendadas em português, livre

Visto do exterior, o número 5-7 da rua Corbeau parecia um edifício como os outros. Cento e sessenta e oito apartamentos habitados por vagas sucessivas de imigrantes recém-chegados a Paris: primeiro, franceses vindos da província, a que se seguiram belgas, italianos, judeus da Europa de leste, portugueses, magrebinos, senegaleses… Em 1998, o edifício atingiu um perigoso estado de degradação e acabou por ser demolido. Neste documentário brilhante, uma rigorosa investigação sobre um microcosmos permite reconstituir a história social de uma cidade e de um país ao longo de todo um século.

20h – Encontro com o diretor Thomas Pendzel

20h30 – Moro na Tiradentes (Brasil, 2007, 54 min), de Henri Gervaiseau e Claudia Mesquita

“Moro na Tiradentes” explora diferentes formas de aproximação da experiência de morar em um dos maiores conjuntos habitacionais brasileiros, situado no extremo leste do município de São Paulo, no bairro chamado Cidade Tiradentes Um mergulho no bairro paulistano de Cidade Tiradentes, para além de estigmas de desamparo e violência.

Dia 04, quinta-feira – Sessão “Imigração”

19h – La traversée (A travessia), de Elisabeth Leuvrey – França, 2006, 55 min, legendas em português

Todo verão o navio Ilha da Beleza leva da Argélia a Marselha os turistas que voltam das férias e outros que vão à França pela primeira vez. Durante a travessia, os passageiros mostram uma outra visão da imigração, do sentimento de pertencimento a uma sociedade e do futuro. Festival “Cinéma du Réel”, Paris, França, 2006 • Menção especial – Prêmio do Patrimônio.

20h – Migrantes (Brasil, 2007, 45 min) de Beto Novaes, Francisco Alves e Cleisson Vidal

O documentário retrata os obstáculos que os trabalhadores que migram do Nordeste para o interior de São Paulo enfrentam no corte da cana-de-açúcar. A ruptura com a família, condições precárias de vida, excesso de trabalho e falta de assistência à saúde são alguns dos problemas abordados.

20h45 – Debate sobre imigração/migração

Dia 05, sexta-feira – Sessão “Justiça”

19h – À côté (Do lado), de Stéphane Mercurio, co-produção do Forum des Images – França, 2008, 90 min, legendas em português

Ao lado da prisão masculina, em Rennes, existe um local para acolher a família dos prisioneiros, como acontece ao lado de quase todas as prisões francesas. É para lá que se vai antes e depois de todos os encontros com os presos. Todas as semanas, três vezes por semana. É lá que se espera. É preciso chegar com antecedência sempre, porque qualquer segundo de atraso significa encontrar a porta fechada. As regras da prisão invadem esse local onde tudo é exagerado: as frustrações, a cólera, a esperança, os desejos, o medo, a paixão. Ao optar em ficar “ao lado”, o filme propõe uma aproximação chocante da realidade carcerária.

20h30 – Do lado de fora (Brasil, 2005, 34 min), de Paula Zanettini e Monica Marques

Muros intransponíveis as separam de seus maridos, companheiros, filhos ou irmãos. “Do lado de fora” mostra os obstáculos enfrentados por algumas das 50 mil mulheres que visitam os parentes presos no Estado do Rio. As horas de espera, as revistas, o sentimento de humilhação a que são submetidas por alguns momentos com os entes queridos. “Do lado de fora” foi o primeiro projeto selecionado pelo programa DOCTV do Ministério da Cultura do Brasil em parceria com a Rede de televisões públicas, que tem por objetivo fomentar a produção de documentários no país.

21h – Debate sobre Justiça

Dia 06, sabado – Sessão “Músicas urbanas”

16h – On n’est pas des marques de vélo (Carta fora do baralho), de Jean-Pierre Thorn, co-produção do Forum des Images – França, 2004, 90 min, legendas em português

O dançarino de break, Ahmed M’Hemdi, mais conhecido pelo apelido de Bouda,  passou quatro anos preso. Uma vez paga sua dívida com a sociedade, ele se vê condenado a retornar à Tunísia, de onde ele não conhece nem a língua. Um destino ao mesmo tempo individual e coletivo, sua história resume a trajetória de uma geração de moradores dos subúrbios de Paris, onde nasceu o movimento hip hop no início dos anos 80.

18h – Entre a luz e a sombra (Brasil, 2007, 152 min), de Luciana Burlamaqui

O documentário investiga a violência e a natureza humana a partir da história de uma atriz que dedica sua vida para humanizar o sistema carcerário, da dupla de rap 509-E formada dentro do Carandiru e de um juiz que acredita em um meio de ressocialização mais digno para aqueles que entraram na vida do crime. Durante sete anos, a partir do ano 2000, o documentário acompanha a vida destes personagens. Prêmio do Público de Melhor Documentário do 17º Festival de Cinemas e Culturas da América Latina de Biarritz (França) Outubro 2008. Menção Especial do Júri do 17º Festival de Cinemas e Culturas da América Latina de Biarritz (França) Outubro 2008.

Social em Movimentos 2009 | Brasilia | Fotos

Debate imigração

Debate imigração

Debate | Justiça

Depois...

Convidados confirmam presença em Salvador

Da França:

Thomas Pendzel, diretor de 5-7 rue Corbeau

Hugues de Suremain, estudou direito em Paris. Desde 1988 ele trabalha na seção francesa do Observatório Internacional de Prisões (OIP) como animador do grupo local de observação da casa de detenção de Yvelines, antes de ser responsável pelas pesquisas e responsável jurídico, posto que ocupa atualmente. Nessa qualidade, é responsável por representar a associação em ações contenciosas perante as jurisdições internas e européias.

Do Brasil:

Beto Novaes, diretor de Migrantes

Paula Zanettini, diretora de Do lado de fora

Iris Dourado, Secretaria de Direitos Humanos do Estado da Bahia

Milton Júlio, Doutor em Ciências Sociais pela PUC-SP, com tese denominada “Do Cárcere a Rua – Estudo sobre homens que saem das prisões brasileiras“. Professor do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências da Universidade Federal da Bahia. Diretor do Instituto de Inclusões

Mary Castro, professora, doutora e pesquisadora associada da Universidade Federal da Bahia, pesquisadora associada da Universidade Estadual de Campinas/Centro de Estudos de Migrações Internacionais

José Carlos Zanetti, assessor de projetos da Coordenadoria Ecumênica de Serviços – CESE

Goli Guerreiro, pós-doutoranda em antropologia cultural na Universidade Federal da Bahia, onde faz pesquisa sobre culturas negras no mundo atlântico e desenvolve a idéia original de “terceira diáspora” – deslocamento de signos negros provocado pelo circuito de comunicação tecnológico/digital. Viajante e fotógrafa amadora, registra cenas do cotidiano em cidades negras das Américas do Norte e do Sul, Caribe, Europa e África, sobre as quais escreve e realiza oficinas audiovisuais.

Goli Guerreiro  é pós-doutoranda em antropologia cultural na Universidade Federal da Bahia, onde faz pesquisa sobre culturas negras no mundo atlântico e desenvolve a idéia original de “terceira diáspora” – deslocamento de signos negros provocado pelo circuito de comunicação tecnológico/digital. Viajante e fotógrafa amadora, registra cenas do cotidiano em cidades negras das Américas do Norte e do Sul, Caribe, Europa e África, sobre as quais escreve e realiza oficinas audiovisuais.

Doutora em antropologia e baiana de Salvador é graduada em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Bahia. Dedica-se à pesquisa em antropologia urbana desde 1987, quando ingressou no Programa de Pós–Graduação da FFLCH na Universidade de São Paulo e pesquisou a juventude identificada com o rock produzido no Brasil. A dissertação virou o livro Retratos de uma tribo urbana – rock brasileiro, lançado pela Edufba, em 1994.

O doutorado, também realizado na USP, que incluiu uma bolsa sanduíche na Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales – França, foi a base para o seu segundo livro A Trama dos tambores – a música afro-pop de Salvador, lançado em 2000 pela Editora 34. A autora fundou e coordenou por 4 anos o programa Humanidades nas Faculdades Jorge Amado, pioneiro no cenário acadêmico baiano em cursos de graduação e pós-graduação. Assina capítulos de coletâneas e diversos artigos publicados em revistas e sites nacionais e estrangeiros. Participa com regularidade de Congressos, Seminários e Fóruns nacionais e internacionais na área da cultura. Para informações completas ver curriculum lattes.

Brasília | Dia a dia #6 |Encerramento

O dia de encerramento começou cedo. Ainda pela manhã, Thomas Pendzel e Patrick Marest quiseram conhecer de perto o eixo monumental e toda a grandiosidade dos projetos de Oscar Niemeyer, como a Catedral de Brasília e o Museu Nacional.

A tarde começa com a exibição de On n’est pas des marques de vélo, de Jean-Pierre Thorn, sob a dupla pena a que são condenados diversos estrangeiros e imigrantes ilegais que são detidos em território francês. Isso significa que, após cumprirem a sentença judicial, eles são devolvidos para os países de origem, mesmo tendo entrado na França ainda bebês, como o dançarino Bouda.

A história do grupo 507 E, formado no Carandiru pelos rappers Dexter e Afro-X, ganha as telas em seguida e deixa o público vidrado por duas horas e meia. O filme de Luciana Burlamaqui ainda apresenta a atriz Sophia Bisilliat, que trabalhou durante 20 anos na casa de detenção descobrindo e incentivando talentos. Após a sessão, Luciana detalhou como foram as filmagens, os encontros com os rappers e o crescimento do projeto, cujas filmagens levaram sete anos. O próximo passo é preparar o lançamento do documentário no circuito nacional.

Brasília | Dia a dia #5 | Cidade se constrói com esperança e memória

A história do prédio que ficava no 5-7 rue Corbeau reconstruída a partir da memória de seus antigos habitantes deu início à noite Uma cidade, várias histórias. Histórias de infância, lembranças das dificuldades de se morar num local com pouco espaço e sem água, cujas condições se detoriaram de tal maneira até chegar a um sem retorno: a demolição. Após a sessão, o diretor Thomas Pendzel conversou com o público sobre o processo de filmagem, de pesquisa e de entrevistas que o permitiu reconstruir o prédio.

Moro na Tiradentes também conta com depoimentos de famílias que habitam na Cidade Tiradentes, subúrbio da capital paulista, considerado por muitos um local degradado e violento. Através das lentes de Henri Gervaiseau e Cláudia Mesquita, o público conheceu a história de diversas pessoas, a maior parte mulheres, que enfrentam os desafios de criarem os filhos num lugar distante, sem áreas de lazer e visto com desconfiança.

A luta dessas mulheres, também vista em 5-7 rue Corbeau, dominou a conversa entre Henri Gervaiseau e o público, ainda emocionado pelas histórias e pelos depoimentos do documentário. Tocada com o que havia acabado de ver, a empregada doméstica Regina Xavier narrou sua trajetória, semelhante a tantas outras filmadas pelos diretores. A sessão chegou ao fim com o público refletindo sobre ocupação urbana, direito à moradia e preconceito.

Brasília | Dia a dia #4 | Justiça em foco

A quinta-feira começa cheia de programação extra para Patrick Marest, que se reuniu com autoridades para conversar sobre o sistema carcerário brasileiro e o francês. De manhã, o encontro foi no Palácio da Justiça. Pela tarde, numa visita à Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, onde foi recebido pelos deputados Domingos Dutra e Luiz Couto.

No SESC, uma platéia pequena acompanhou atentamente o drama das famílias brasileiras e francesas que visitam amigos e parentes que estão nas prisões. A semelhança entre os depoimentos vistos em Ao lado e Do lado fora reforça os dramas pessoais provocados pelo sistema carcerário dos dois países. “Passamos por duas horas impactantes e, apesar da diferença entre os dois países, ouvimos frases exatamente iguais, o que nos levanta muitas questões”, disse a jornalista Vânia Alves, que atua nos veículos de comunicação da Câmara dos Deputados, dando início ao debate.

A defesa do preso como ser humano, cidadão e pessoa de direito usuária de um serviço público: esse é um dos objetivos do Observatório Internacional de Prisões (OIP), representado pelo delegado geral da seção francesa Patrick Marest. “Trabalhamos pelo direito à dignidade da pessoa detida, que é um direito inalienável”, afirmou.

O público ainda pode ver as condições degradantes das prisões e penitenciárias brasileiras com a exibição do trecho de O grito das prisões, produção da TV Câmara. “O Brasil prende mal e cuida mal de quem está preso”, resumiu Fernando Mattos, coordenador geral do Programa Nacional de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos. Para ele, a pena de prisão é um mal necessário que deverá ser cada vez menos usada. A saída está nas penas alternativas.

Brasília | Dia a dia #3 | Fronteiras abertas?

A noite de quarta-feira foi uma surpresa. No início da primeira sessão, havia poucas pessoas na sala. Logo a apreensão foi sendo superada, com a chegada do público, que aos poucos se juntou aos participantes do debate para acompanhar a história de imigrantes que saem do norte da África em busca de melhores condições de vida na França, como mostra La traversée.

Com o fim da primeira sessão, logo vêm as dúvidas: como será a seguinte? Terá mais público? Eles vão gostar do filme? De repente, a sala do Cine Teatro SESC Presidente Dutra fica cheia. Alunos e professores do curso de alfabetização de jovens e adultos e supletivo do SESC tomaram seus lugares e se emocionaram com a trajetória dos trabalhadores nordestinos que vão trabalhar como cortadores de cana em São Paulo. Durante os filmes, comentários e lágrimas de parte da platéia.

O debate começou com a participação de Orlando Fantazzini, consultor do Instituto Migrações e Direitos Humanos professora Dacia Ibiapina, coordenadora do departamento de audiovisual da

Universidade de Brasilia, Patricia Rangel, doutoranda em Cências Politicas, que foi repatriada da Espanha, e Adriana Telles Ribeiro, assessora do departamento consular e de comunidades brasileiras no exterior do Ministério das Relações Exteriores.

O mundo está dividido entre turistas e vagabundos”, explicou Patrícia, usando as categorias criadas por Zygmunt Bauman. Para os turistas, ou aqueles que têm condições de interagir com o mundo do capital, todas as fronteiras estão abertas, enquanto os vagabundos não contam com a mesma mobilidade. Patrícia foi repatriada após passar 50 horas no aeroporto de Madri, tendo sua entrada recusada na União Européia sem motivos objetivos, experiência que ela vai relatar com detalhes num livro que será editado ainda em 2009.

Para ela, os países cada vez mais impõem barreiras para impedir a livre circulação de pessoas, sobretudo aquelas que vão para países desenvolvidos. Adriana Telles Ribeiro, assessora do departamento consular e de comunidades brasileiras no exterior do Ministério das Relações Exteriores, relata que histórias como a de Patrícia se torna uma experiência cada vez mais comum a outros brasileiros que tentam ir para o exterior, o que pode indicar a adoção de uma política de Estado para criar barreiras para estrangeiros. Para Fantazzini, os motivos para isso são principalmente econômicos.

Atenta à emoção da platéia, professora Dácia falou das dificuldades que os nordestinos vivem, do problemas provocados pelos grandes latifúndios, pela falta de acesso à terra, condições que os forçam a buscar melhores condições de vida, mesmo que isso signifique o trabalho no corte da cana-de-açúcar. O gancho foi aproveitado pelos professores, que, emocionados, compararam os desafios que os alunos enfrentam no dia-a-dia às dificuldades dos retirantes. E um aluno arrematou o debate contando o que sente quando volta para o Piauí para visitar seus parentes.

Brasília | Dia a dia #1 | Maratona em Brasília

Em Brasília só se fala no início da temporada de seca. Muito calor e sol forte durante o dia, queda de temperatura à noite. A chegada na segunda-feira deu início a uma maratona para deixar tudo pronto para a sessão de abertura.

O Cine Teatro SESC Presidente Dutra impressiona pela beleza e pelos recursos. São 176 lugares que serão usados pela primeira vez pelo público da mostra Social em Movimentos 2009 – França em foco.

Com apoio do Gil e do Edson, da equipe do SESC-DF, todos os testes foram feitos. Filmes em ordem, garantimos a qualidade das projeções. Hora de voltar ao aeroporto para buscar o convidado Patrick Marest, delegado geral do Observatório Internacional de Prisões (OIP), vindo direto de Paris.

Uma passada no hotel para deixar a bagagem, seguimos para a Rádio Nacional, onde Marest e Tatiana Milanez, da Autres Brésils, deram uma entrevista ao vivo sobre a mostra, no programa de Giovani Mota. Bravo!

A noite tinha começado quando conseguimos chegar à Embaixada da França, para uma reunião com Chantal Haage, conselheira cultural adjunta da embaixada. Já passava das 20h quando os compromissos terminaram, momento ideal para conhecer o Beirute, bar que é quase uma insitituição brasiliense, colocando fim numa maratona que começou às 5h30.

Dia a dia #4 | “Para onde a gente vai?”

O dia começou cedo com uma visita ao Mercado Municipal de São Paulo. Em meio a barracas de frutas exóticas e tropicais, peixes típicos da costa brasileira e queijos nacionais de sabor desconhecido para eles, os convidados franceses se esbaldaram. A pinha foi a fruta preferida, a ponto de considerarem levar na mala para a França, mas a ideia foi abandonada logo em seguida. Depois de um belo sanduíche de carne seca, hora de ir para o CCBB.

On n’est pas des marques de vélo deu ao público uma ideia de como a dupla pena é cruel na França. Após cumprir sua pena preso, Bouda é expulso da França para um país que nunca reconheceu como seu. Logo em seguida, a emoção volta com Entre a luz e a sombra, sobre a trajetória de dois rappers que se conhecem no Carandiru e, graças ao trabalho de Sophie Bisilliat, conquistam reconhecimento dentro e fora da penitenciária.

Após a sessão, Jean-Pierre Thorn, diretor de On n’est pas des marques de velo, Luciana Burlamaqui e Sophie Bisilliat, diretora e personagem de Entre a luz e a sombra, participaram de um bate-papo com a platéia. Em pauta, os efeitos da criminalização da pobreza. “A dupla pena também existe no Brasil, só que aqui ela se manifesta pela prisão e pelo preconceito. Falta qualquer perspectiva para o indivíduo quando se vê diante do que recebe da sociedade”, disse Luciana.

Para Thorn, é preciso que este tema tome a sociedade, que os filmes circulem não apenas em cinemas e TVs, mas também em sessões ao ar livrem em associações, escolas e universidades, sempre como ponto de partida para um debate envolvendo toda a sociedade. Depois de toda a experiência mostrada no filme, Sophie provoca: “o que mais me deixa assustada é que a situação piora a cada dia. Para onde a gente vai?”, ela pergunta, deixando a platéia muda.