O dia começou cedo com uma visita ao Mercado Municipal de São Paulo. Em meio a barracas de frutas exóticas e tropicais, peixes típicos da costa brasileira e queijos nacionais de sabor desconhecido para eles, os convidados franceses se esbaldaram. A pinha foi a fruta preferida, a ponto de considerarem levar na mala para a França, mas a ideia foi abandonada logo em seguida. Depois de um belo sanduíche de carne seca, hora de ir para o CCBB.
On n’est pas des marques de vélo deu ao público uma ideia de como a dupla pena é cruel na França. Após cumprir sua pena preso, Bouda é expulso da França para um país que nunca reconheceu como seu. Logo em seguida, a emoção volta com Entre a luz e a sombra, sobre a trajetória de dois rappers que se conhecem no Carandiru e, graças ao trabalho de Sophie Bisilliat, conquistam reconhecimento dentro e fora da penitenciária.
Após a sessão, Jean-Pierre Thorn, diretor de On n’est pas des marques de velo, Luciana Burlamaqui e Sophie Bisilliat, diretora e personagem de Entre a luz e a sombra, participaram de um bate-papo com a platéia. Em pauta, os efeitos da criminalização da pobreza. “A dupla pena também existe no Brasil, só que aqui ela se manifesta pela prisão e pelo preconceito. Falta qualquer perspectiva para o indivíduo quando se vê diante do que recebe da sociedade”, disse Luciana.
Para Thorn, é preciso que este tema tome a sociedade, que os filmes circulem não apenas em cinemas e TVs, mas também em sessões ao ar livrem em associações, escolas e universidades, sempre como ponto de partida para um debate envolvendo toda a sociedade. Depois de toda a experiência mostrada no filme, Sophie provoca: “o que mais me deixa assustada é que a situação piora a cada dia. Para onde a gente vai?”, ela pergunta, deixando a platéia muda.
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